Entenda como o manejo inadequado está esgotando os nutrientes do solo, produzindo alimentos cada vez menos nutritivos.
Na natureza os nutrientes percorrem um caminho circular na cadeia alimentar, eles transitam do reino mineral ao vegetal e animal, retornando depois ao solo.
Originalmente, um solo preservado contém dezenas de nutrientes minerais dos quais as plantas se alimentam. Por sua vez, os animais que se alimentam de plantas bem nutridas recebem uma ótima carga de nutrientes. Nessa sequência, os carnívoros também são nutridos porque recebem os micronutrientes que passam de um reino ao outro através da alimentação.
Ao fim desse processo, plantas, herbívoros e carnívoros retornam os nutrientes ao solo através da decomposição de sua matéria orgânica, assegurando que os nutrientes estejam disponíveis de berço a berço. Dessa maneira a natureza trabalha equilibradamente numa contínua entrega de minerais, macro e micronutrientes através dos ciclos alimentares.
Quando nos primórdios da civilização deixamos de ser caçadores e coletores para praticarmos a agricultura, o fizemos através de manejos que possibilitavam a ciclagem de nutrientes, preservando assim nossa saúde uma vez que a alimentação tinha alto teor nutricional.
Naquele período os agricultores desmatavam, plantavam, colhiam e depois de um tempo (cerca de 2 anos) abandonavam a terra ao descanso para abrir uma nova área de cultivo. Isso ocorria simplesmente porque as colheitas diminuíam em função do esgotamento de nutrientes do solo. Então era preciso desmatar um novo terreno e começar tudo de novo...
Assim, durante um longo período, a humanidade praticou um modelo de agricultura capaz de permitir a ciclagem de nutrientes e a produção de alimentos de alto teor nutricional.
Com o tempo, a medida em que as populações mundiais cresceram exponencialmente, tornou-se difícil abrir novas áreas para o cultivo, sobretudo em função da competição dos meios de produção industrial. Era preciso então aprender a plantar na mesma área agricultável por um período mais longo. Como fazer isso mantendo a produtividade boa? Como otimizar a produção utilizando o mesmo espaço?
Resumidamente pode-se dizer que houve dois caminhos por onde os agricultores seguiram ao longo da evolução da agricultura:
Manejo baseado no "ego" e manejo baseado no "eco" (qual foi capaz de manter a ciclagem de nutrientes?)
No manejo tipo "ego" (relação pessoal do eu de cada um) foi levada em consideração apenas as necessidades humanas. No manejo tipo "eco" (derivado de ecologia, das relações entre os seres vivos e o meio ambiente onde vivem) foram levadas em consideração as necessidades do conjunto ambiental: reino mineral, vegetal, animal e humano.
Explicando resumidamente os resultados de cada tipo de manejo com relação a ciclagem de nutrientes, pode-se dizer que, no manejo tipo "eco" a saúde do solo, da água, da flora, da fauna, dos alimentos e das pessoas foi assegurada como resultado da interação humana em equilíbrio com a natureza.
Ao contrário, no manejo tipo "ego", a saúde do ambiente e a qualidade dos alimentos se perderam em função do esgotamento do solo e da contaminação dos recursos naturais. Essa é a razão pela qual os alimentos naturais estão perdendo nutrientes a cada ano que passa.
No manejo tipo "eco" a reposição de nutrientes é realizada através de práticas sustentáveis como o uso de adubos naturais juntamente com técnicas que promovem a vida do solo (com presença de micro, meso e macro fauna). Isso faz com que o PH melhore e a disponibilidade de micronutrientes seja constante, sem necessidade de adubação química e uso de defensivos. Resultado final: solo rico, plantas bem nutridas e alta capacidade de entrega de valor nutricional para a cadeia alimentar.
Ao contrário, no manejo tipo "ego", os agricultores realizam práticas inadequadas para o equilíbrio da cadeia alimentar, como reposição mínima através de adubos químicos (geralmente apenas os macronutrientes NPK) juntamente com técnicas que inibem o desenvolvimento da vida no solo (sem presença de micro, meso e macro fauna). Isso faz com que o PH piore e a disponibilidade de micronutrientes seja sempre deficitária, demandando manejos de alto custo com uso constante de pesticidas. Resultado final: solo morto, plantas mal nutridas e incapacidade para a entrega de valor nutricional à cadeia alimentar.
Por essa razão os alimentos produzidos pela agricultura orgânica e agroecológica (ambas do tipo "eco") ainda são capazes de nutrir a humanidade, porque conseguem garantir a ciclagem de nutrientes.
Infelizmente a agricultura convencional (do tipo "ego") não pode fazer o mesmo, tornando-se ainda depletora dos poucos nutrientes que entrega em função das concentrações químicas (como pesticidas) presentes nos alimentos que produz.
Quando a humanidade comprou a ideia do manejo tipo "ego" colheu como consequência uma desnutrição silenciosa até hoje desconhecida para a maioria de nós...
Se as pessoas não tomarem consciência sobre os fatos que dizem respeito à qualidade nutricional dos alimentos a situação pode piorar. Isso porque muitos agricultores agroecológicos e orgânicos estão ficando cada vez mais acuados por vários fatores negativos tais como:
avanço da urbanização descontrolada sobre as poucas áreas de agricultura sustentável;
contaminação do lençol freático por pesticidas;
contaminação de cultivos naturais pelo uso descontrolado de transgênicos;
alta competição por adubos naturais (está cada vez mais difícil para o pequeno produtor ter acesso às fontes naturais de adubo);
ausência de políticas públicas que favoreçam agricultores e consumidores interessados em produzir e consumir alimentos de alto teor nutricional.
Se a sociedade não conseguir "prestar sentido" ao fato de que a saúde depende da alimentação e que a alimentação de qualidade depende da evolução da agricultura sustentável; se não acordarmos para o fato de que tudo está interligado e, portanto, o que acontece com a natureza influencia o que acontece conosco e com nossa família, poderemos ser novamente reféns de uma indústria alimentar dominada pelas mesmas farmacêuticas que protagonizaram o comércio com as doenças (ainda em curso) durante os séculos 20 e 21.
As evidências e provas sobre o esgotamento do solo em todo o mundo podem ser encontradas em centenas de publicações, muitas de cunho científico, realizadas desde o fim do século passado, demostrando como os alimentos perderam nutrientes com o passar das décadas através de manejos agrícolas equivocados. Abaixo algumas referências:
Divulgação: Saúde para Todos Brasil Apoio: Fundação Dr. Rath